O Atelier Ortodoxo São Lucas é um centro de arte iconográfica formado por clérigos, monges, fiéis ortodoxos e simpatizantes, trabalhando sob a benção e com o incentivo do Arcebispo Chrisóstomo, da Eparquia Ortodoxa do Brasil (ligada canonicamente à Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia).
Nossa sede de trabalhos e lugar de encontros situa-se em Copacabana (Rio de Janeiro), no prédio da Catedral Ortodoxa da Santíssima Virgem Maria. Local atual de nossa produção e administração. Os encontros regulares são às quartas, sextas e sábados, das 13 às 18h.
A história do movimento de aprendizado e produção voltado para Iconografia Ortodoxa no Brasil, remonta há mais de 20 anos. Ela está ligada aos primórdios da conversão à ortodoxia, pelas mãos do Metropolita D. Gabriel, de brasileiros que viriam a formar a futura Eparquia Ortodoxa do Brasil. Dos nove primeiros brasileiros que foram batizados em Portugal, três mulheres manifestaram o interesse de aprender a escrita iconográfica bizantina. Elas receberam a benção de D. Gabriel, que também ministrou as primeiras orientações.
A esse pequeno grupo, somaram-se mais alguns novos fiéis, espalhados pelo Rio de Janeiro e Recife, de modo que foi dado início à realização de ícones segundo as técnicas tradicionais da Iconografia Ortodoxa. O aprendizado inicial foi um legado, que recebemos dos laços com a Metrópole de Portugal, através da pessoa de D. Gabriel, que teve sua formação iconográfica no mosteiro da Igreja Russa Fora das Fronteiras.
Nessa primeira fase de aprendizado e produção iconográfica, destacam- se os nomes de Claudia Fróes, Verônica, Elza, Irene, Sophia Garcia Pinheiro, Padre Filipe Muniz Freire (futuro arcebispo D. Chrisóstomo) e Acipreste Rafael Queiroz. Numa etapa posterior, a Igreja no Brasil também contou com os esforços de Ana Maria Teixeira de Melo e de Theodora, ambas iniciadas e monitoradas pelo Arcebispo Chrisóstomo.
Esse pequeno grupo pioneiro realizou exposições pelo Brasil à fora, difundindo a Arte do Ícone, de uma maneira pastoral e missionária.
Este trabalho trouxe muitos frutos, dentre eles, a Tese de Mestrado de Jane Sophia Garcia Pinheiro – uma das primeiras iconógrafas ortodoxas no Recife. Por outro lado, podemos também afirmar que este grupo foi o embrião para a formação do atual Atelier São Lucas.
Após a Morte de D. Gabriel, o rompimento da Igreja de Portugal com o Sínodo da Polônia, e o conseqüente rompimento com a Igreja do Brasil, que se manteve vinculada ao Sínodo, gerou uma crise que refletiu na diminuição da atividade iconográfica no seio da comunidade ortodoxa brasileira.
Curso que deu origem ao Atelier
Em 2007, nasce o Atelier Ortodoxo São Lucas, com uma singela proposta: fundir o legado e expandir os conhecimentos nesta arte através de novas experiências. Irmã Rebeca, monja brasileira do Monastério dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo em Herzegovina (Patriarcado Sérvio), lança a iniciativa de aprendizagem em Iconografia Bizantina, reunindo, então, tendências desta santa arte desenvolvidas em França, Sérvia, Herzegovina e Grécia.
O Atelier São Lucas vem, ao longo destes anos, ministrando cursos (mais a nível de Workshops) e promovendo atividades (Consórcios e Exposições) no interior da comunidade ortodoxa em que se vê inserido. Seus projetos, no entanto, visam responder ao papel do Ícone na Igreja - dogma de Ortodoxia, objeto de difusão da fé.
Estamos ainda num processo de estruturação interna, tanto física como a nível de estatutos, buscando maneiras de mesclar os conhecimentos e desenvolver uma técnica uniforme, conhecendo os materiais que o Brasil dispõe. E, acima de tudo, trabalhando na difusão desta riqueza na sociedade atual, desvendando um pouco, e aos poucos, esta mensagem de santidade em cores.
Monja Rebeca e Ana Maria
Hoje, no Brasil, a coordenação do Atelier está aos cuidados de Ana Maria Teixeira de Melo, também responsável pelo núcleo do Rio de Janeiro. Ela responde por todas as demandas, bem como pelas encomendas.
Ressalte-se que, na ultima década, houve uma relativa difusão da arte da escrita iconográfica no Brasil, inclusive no meio católico romano, com o surgimento de diversos atelies independentes. Isso implica uma tendência a tratar a iconografia apenas como um "tipo" de arte sacra. Em sentido contrário, o Atelier São Lucas procura difundir a dimensão litúrgica, dogmática e ascética do ícone. No entanto, essa diretriz não impede que o Atelier São Lucas mantenha relações e intercâmbios amistosos e produtivos com os Atelies "independentes". Um relacionamento muito positivo tem sido estabelecido com o Atelier Theotokos Pantanassa, situado em Brasília. Inclusive a coordenadora Ana Maria tem frequentado diversos cursos de aprimoramento naquele Atelier.
Em 23 de outubro de 2011: exposição de ícones que integrou a Festa da Paróquia Russa de Santa Zenaide, no Bairro de Santa Tereza, na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
Manter sempre acesa a chama que recebemos ao nos convertemos à Fé ortodoxa. O ícone é um dos meios que possibilitam a união da pessoa com o corpo místico de Cristo.
Passar à nossa sociedade secularizada um pouco da riqueza da arte que o ícone inspira, tornando manifestos os tesouros da Ortodoxia, não deixando de uni-los ao caráter missionário que o ícone sempre teve.
Ícone, termo derivado do grego ikon (imagem), no campo da arte pictórica religiosa identifica uma representação sacra “pintada" sobre um painel de madeira.
O ícone é a representação da mensagem cristã descrita por palavras nos Evangelhos. O simbolismo e a tradição não englobam somente o aspecto pictórico, mas também aquele relativo à preparação espiritual e aos materiais utilizados.
Traduzindo literalmente do grego o termo iconografia, temos duas palavras: ícone + grafia. A primeira já sabemos o que é. A segunda quer dizer escrita, escrever. Logo, a Iconografia nada mais é do que a arte de “escrever ícones".
Mas, entrando um pouquinho na doutrina, podemos completar com o fato de que o ícone, por ser um objeto de expressão dogmático dentro da Ortodoxia, traz uma teologia, traz um verbo (Verbo). Este Verbo – com letra maiúscula – representa o Cristo, arquétipo de todo ícone. Ele é o Ícone por excelência.
Assim, o ícone é também um tratado da Encarnação do Verbo em símbolos e cores.